Mayday! SOS! O Aeroporto de Valença pode fechar
Pane no sistema turístico da região pode ser origem do problema.
Por Luana Figueiredo
As últimas notícias são que o Aeroporto de Valença, que tem uma das maiores e melhores pistas de pouso da Bahia, pode fechar.
Antes do ultimato da ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil – a previsão era de investimentos e expansão.
Matéria da Agência Brasil, página do Governo Federal, publicada em agosto de 2021, informou grande investimento com o objetivo de expandir a aviação regional com investimentos do Ministério da Infraestrutura no (Minfra) no setor, chegando a quase R$ 1 bilhão em equipamentos de navegação aérea, reforma e construção de novos aeroportos, nas cinco regiões do país, com recursos direcionados por meio da Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC) e da Infraero, contemplando 112 municípios, inclusive o de Valença.
“Os aeroportos de Valença (BA) e Feira de Santana (BA) também têm licitação em andamento para aquisição do Papi (Precision Approach Path Indicator), sistema que auxilia na navegação visual durante o pouso das aeronaves”, informou o ministério.
Também em agosto deste ano, o Aeroporto de Valença passou por obras de requalificação. Serviços como limpeza da faixa de pista e de sinalização horizontal e vertical foram realizados para maior segurança às operações de pouso e decolagem.
Mesmo diante de todo esse caminho de preparação e melhoria do equipamento aeroviário da Costa do Dendê, uma das mais importantes regiões turísticas da Bahia, agora em dezembro, em pleno início da alta estação, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) emitiu ofício assinado pela Gerente Técnica de Gerenciamento de Risco, Érica Ramalho de Oliveira, informando que o aeródromo de Valença será proibido de realizar operações de pouso a partir de março de 2022 por determinação da ANAC.
Conforme o teor do documento, a ANAC não obteve retorno em sucessivas tentativas de contato com operador do aeródromo, sendo foi encaminhada a SDIA – SOLICITAÇÃO DE DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO AERONÁUTICA – com o objetivo de informar a comunidade aeronáutica, com uma antecedência de 60 dias, da decisão pelo fechamento do aeródromo por determinação da Agência, uma vez que foi constatada ausência de operador no aeródromo.
A vigência da proibição começa em 20 de março do ano que vem. Aparetemente é temporária, não se pode dizer que é irreversível, mas acende um alerta: pode ser a suspensão permanente das atividades.
Inaugurado em 2000 e localizado na BA 887, entre Valença e Guaibim, trata-se do único Aeroporto da região a receber voos da aviação geral e regular com capacidade para até 70 passageiros. Lá já operaram as companhias Passaredo, com voo de Campinas, e Azul, com voo de Belo Horizonte, além de voos particulares e de táxi aéreo.
O que se sabe é que o Aeroporto é administrado por uma empresa privada (o Grupo MPE), como geralmente acontece com os terminais de embarque e desembarque de passageiros terrestres, marítimos e aeroviários no país, e a falta de comunicação com o órgão regulador, que tem regras extremamente exigentes, é um mistério a ser desvendado.
Essa empresa que faz a gestão aeroportuária, chegou a projetar em seu planejamento que o aeroporto passaria a se chamar “Aeroporto Internacional da Costa do Dendê”, o que nunca aconteceu.
É sabido também que o Aeroporto tem pouco movimento de passageiros; que o único voo doméstico que trafegava em dias de sábado com uma aeronave de médio porte foi suspenso por causa da pandemia e que é preciso articulação política urgente e bem habilidosa nesse caso, para que a capital do Baixo Sul não perca mais um equipamento, de tantos que já foram.
A Azul, última companhia a oferecer voo comercial com chegada e partida no aeroporto de Valença, ainda não anunciou vendas de passagens para este verão.
O grande espanto da população ao receber “a última chamada” para o fechamento definitivo do aeroporto é devido ao grande potencial da região, tão desperdiçado. De acordo com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a Costa do Dendê recebe cerca de 20% de turistas estrangeiros, percentual acima da média nacional. Esse dado mostra que o Aeroporto “nunca decolou” como deveria, que é necessário gestão turística eficiente para que não continue desértico, mal aproveitado e ocioso, como aconteceu durante 13 anos, quando permaneceu completamente fechado, sendo reaberto pelo Governo Jaques Wagner através de um programa estadual de recuperação e construção de aeroportos na Bahia.
Então, dessa vez, o Estado pode até intervir, mas se não houver governança das prefeituras da região em ação bem articulada e inteligente, não adiantará.
Ciapra, Câmara Técnica de Turismo, SeTur Bahia e municípios da Costa do Dendê, uni-vos!
Confira o documento da ANAC que avisa sobre os 8 meses de restrição de pouso e decolagem:
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* O termo Mayday, utilizado no título da matéria é uma palavra-código para emergência usada em todo o mundo nas comunicações emitidas por tripulantes de aeronaves ou de navios, quando estão em situação de risco.