Festa do Amparo 2024: Símbolo de Fé, Cultura e Devoção em Valença-BA
Por Paulo Vitor Souza da Luz
Professor / Historiador
O clima da festa de Nossa Senhora do Amparo já toma conta de Valença-BA, marcando o início de um dos eventos mais significativos da cidade. Não se trata apenas de devoção, mas de uma celebração que envolve tradição, cultura popular e resistência. Há mais de trezentos anos, essa festa tem ocupado o centro da vida valenciana, não apenas como um rito religioso, mas como um marco de identidade que transcende gerações.
A Colina Sagrada se tornou um lugar de sociabilidade para o povo, um espaço de reafirmação coletiva.
Mais do que uma sequência de memórias afetivas ou nostalgias do passado, a Festa do Amparo é a materialização de um patrimônio vivo. A cada ano, o que se testemunha não é apenas a repetição de rituais religiosos, mas a reconfiguração de uma tradição que desafia o tempo. Barracas, parques de diversão, camelôs e procissões misturam-se ao cenário urbano, criando um espaço onde o sagrado e o cotidiano se encontram. As levadas, o movimento das multidões e os atos de fé são manifestações de um povo que, ao mesmo tempo que venera sua padroeira, afirma sua presença histórica e cultural.
De 27 de outubro a 8 de novembro de 2024, Valença se tornará palco de uma das maiores manifestações culturais da Bahia. Durante esse período, a cidade não só festeja, mas se transforma. A Festa do Amparo, com suas características singulares, movimenta não apenas o município, mas também toda a região do Baixo Sul da Bahia.
A Festa do Amparo é uma expressão do poder popular de Valença. Não se trata apenas de manter tradições, mas de adaptá-las e preservá-las em meio às transformações da cidade. É uma festa que une, que fortalece identidades e que resiste ao tempo. Aqui, não há espaço para a perda da essência: a festa é o patrimônio de um povo, e cabe a ele defendê-lo com todas as suas nuances.
Ao povo valenciano e regiões, uma feliz Festa do Amparo! Viva a Padroeira de Valença! Viva Nossa Senhora do Amparo!
Sobre o autor:
Paulo Vitor Souza da Luz
Mestrando no Programa de Pós-Graduação em História do Atlântico e da Diáspora Africana da Universidade Estadual de Santa Cruz (PPGH-UESC). Graduado em Licenciatura em História pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), no Departamento de Ciências Humanas, Campus V. Possui experiência na área de História Cultural e Social. Pesquisa festas populares na Bahia, com ênfase em religiosidades, e Música Popular Brasileira durante a Ditadura Civil-Militar, com ênfase no trabalho da intérprete Maria Bethânia. É membro do Grupo de Pesquisa registrado no CNPq, intitulado Patrimônio Cultural, História e Memória: Dimensões Atlânticas e Diáspora Africana. Também atua como curador do Memorial Amparo, um projeto de salvaguarda do patrimônio documental e cultural da devoção e festa de Nossa Senhora do Amparo, de Valença-BA. Tem experiência como fomentador cultural no município de Valença-BA, desenvolvendo projetos e eventos para a cidade e região do Baixo Sul da Bahia. É diretor do curta-documentário Amparo de Valença: Uma Fé Inabalável. Recebeu uma Moção de Aplausos da Câmara Legislativa de Valença-BA por sua participação em uma obra literária em homenagem aos 50 anos de carreira e 70 anos da cantora Maria Bethânia.