Fim das escolas cívico-militares de Valença: pais denunciam que foram surpreendidos com desmonte
Modelo de gestão compartilhada com policiais militares foi suspenso pela Prefeitura. "O que é bom tem que manter", diz leitor que enviou a denúncia o site.
Na Tribuna Aberta, espaço de denúncias em que os leitores enviam pautas para a nossa redação, recebemos reclamações sobre um suposto desmonte das escolas militares em Valença.
De acordo com o leitor, as famílias dos alunos da Rede Municipal de Educação de Valença estão revoltados com o prefeito Marcos Medrado pela suspensão de um formato que vinha sendo elogiado pelas comunidades e que apresentou relevantes resultados pedagógicos nos últimos anos, principalmente no fortalecimento dos valores humanos, éticos e morais, que acarretou num bom desempenho dos alunos, tanto no aprendizado como no comportamento.
Entenda o que está acontecendo:
O ano letivo para as séries finais do Ensino Fundamental II iniciaram neste dia 10/03 (segunda feira), já com um significativo atraso, e as escolas de gestão compartilhada com a Polícia Militar (Dário Galvão, Municipal da Baixa Alegre e Padre Souza), que vinham dando muito certo, sofreram um “desmonte”. Segundo pais de alunos e moradores das comunidades onde estão inseridas, as três escolas não tem mais a presença dos Policiais Militares que muito vinham contribuindo na formação da cidadania.
Na denúncia, o pai informa que os estudantes estão inconformados e que, se a decisão do prefeito não for revertida, haverá uma debandada em massa dos alunos matriculados. “Nós vamos desmatricular, o que significa a perda de verbas enviadas pelo Governo Federal”, anunciou o pai de um dos alunos.
“O prefeito de Valença afirmou que não se faz necessário manter essa despesa. Contudo, esquece ele que educação e formação de cidadãos e cidadãs, não é despesa e sim investimento. Esperamos que o prefeito reveja seu posicionamento e continue fazendo o que vem dado certo no município”, relatou o pai que enviou a pauta para o site.
Ele também destaca que os estudantes que iriam completar o Ensino Fundamental nestas escolas, estabeleceram um forte vínculo afetivo com os policiais e que a retirada deles afetou emocionalmente seus filhos.
“Quem experimentou esse modelo de escola queria muito continuar e quem lutou pra conseguir uma vaga agora está em desepero por terem acabado com tudo sem aviso”, destacou.
“Muitos pais fizeram gastos acreditando que as escolas com modelo cívico militar iriam continuar e ficaram frustados, bem como seus filhos ao chegarem na escola e não encontraram a equipe disciplinar composta de Policiais Militares da reserva para receberem seus filhos.
O governante pensa em fazer economia e acha que isso é gasto, quando na verdade é INVESTIMENTO nas crianças e jovens, que serão os cidadãos do amanhã em nosso município. A disciplina é um alicerce fundamental para o preparo na vida do jovem, pois quando somos disciplinados, conseguimos manter a perseverança necessária para enfrentar desafios e superar obstáculos.
A Câmara de Vereadores aprovou o ano passado o Projeto de Lei 026/2024, que cria as Escolas Modelos em Valença, e, abandonar o que é de melhor para nossos jovens e crianças é dizer, não estou nem aí para o futuro de vocês e da cidade”, completou o leitor.
O que são as escolas cívico-militares
As escolas cívico-militares funcionavam em regime de cooperação entre integrantes das forças de segurança e educadores.
Em Valença, foram implantadas nas gestões dos ex-prefeitos Ricardo Moura e Jairo Baptista. A experiência exitosa tem um composto educacional diferenciado construído num ambiente de parcerias e de maior vínculo entre gestores, professores, policiais militares, estudantes e os pais e responsáveis. Numa gestão compartilhada, as escolas de Valença eram consideradas “de excelência”.
Os critérios para a implantação foram estar localizadas em bairros com um número significativo de famílias em vulnerabilidade social e terem baixo IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).
Policiais militares da reserva atuavam como monitores, acompanhando a vida dos alunos, tendo contato direto com as famílias e prestando orientação disciplinar aos estudantes. Eles davam todo o suporte, com o objetivo de incentivar a formação integral, instituir normas de convivência, mediar conflitos, promover eventos de conscientização, realizar campanhas para prevenção ao uso de drogas e combate à violência, promover a sensação de pertencimento no ambiente escolar, integrando escola e comunidade.
Alem de PMs estarem o tempo todo nas unidades, o Tiro de Guerra,a Guarda Municipal e o Corpo de Bombeiros também marcavam presenças nos projetos desenvolvidos.
Além do conteúdo programático normal em cada ano da etapa final do Ensino Fundamental, a proposta estabelece um manual de regramento que institui uma rotina no ambiente escolar que instrui os alunos sobre obediência e respeito, para assim aplicarem os ensinamentos do convívio militar na vida em sociedade. Militares eram responsáveis por todos os aspectos não-letivos da escola – organização, código de conduta, regras de comportamento, vestimenta, segurança e atividades extra-classe.
A primeira escola cívico-militar de Valença, o Dario Galvão, considerada o projeto-piloto, recebeu investimentos nos últimos anos como climatização das salas de aula, fardamento padronizado gratuito, reforma e ampliação. A expectativa era de que esse trabalho prosseguisse.
Com a palavra, a Prefeitura de Valença.
Foto: Reprodução Internet | Redes sociais do Colégio Dario Galvão de Queiroz
===
TRIBUNA ABERTA: Espaço do Leitor onde você também pode enviar a sua pauta para o nosso site e ser nosso repórter. Iremos investigar as denúncias e chamar a atenção das autoridades.
E-mail: redacao@baixosulempauta.com.br
WhatsApp: 75 98854-4036