Holofotes direcionados a um corpo negro dá visibilidade, registra e marca as faces protagonistas, mas sempre invisibilizadas pela sociedade mundial.
Vini Júnior levou ao mundo o jeito brasileiro brincante de jogar futebol com maestria, com determinação, obediência técnica, disciplina e muita criatividade. Para os racistas, esses são predicativos exclusivos de brancos, e é inaceitável admitir que Pelé abriu portas para a juventude brasileira mostrar as suas competências e habilidades no futebol.
As atuações desconcertantes de Vini trazem à tona uma situação inaceitável para o mundo: o racismo cruel, imposto desde sempre para subalternizar e inferiorizar pessoas, simplesmente, pela etnia.
Essa é uma história que, infelizmente, está presente nos estados brasileiros, em menor proporção, mas existe.
O que mais incomoda em todo o cenário mundial é a desumanização presente nos atos racistas.
Tem muita gente que deseja naturalizar o racismo, isso vai muito além das atitudes nos estádios, nas universidades, nas comunidades periféricas do Brasil e nas organizações de trabalho.
Em todos os lugares, o racismo aniquila direitos, são os corpos negros que tombam de maneira banal, tudo vira notícia que se esquece em pouco tempo e nenhuma atitude severa, onde a Lei seja aplicada com a sua contundência, mudará esse estado de coisas.
Que Vini Júnior continue nos inspirando a driblar os racistas do mundo e nos motivando à luta antirracista permanente.
Sobre o autor:
Chico Nascimento Magonleji é um Arte-educador Antirracista da Rede Pública Estadual da Bahia. Dramaturgo, Mestre em Ensino e Relações Étnico Raciais, Especialista em Estado e Direito dos Povos e Comunidades Tradicionais, Especialista em Teatro, Taata Kabondu Magonleji do Nzo Caxuté, Conselheiro Educacional do CEERT São Paulo, Conselheiro do Teatro Escola Jorge Amado Salvador-BA.
Foi Referência Nacional em Gestão Escolar pelo CONSED Brasília-DF, quando diretor do Colégio Estadual Casa Jovem II, em Igrapiuna. Já foi também diretor do Núcleo Territorial de Educação / NTE-06 e Secretário Municipal de Educação de Ibirapitanga
É vice-diretor do Centro Estadual de Ensino Médio com Intermediação Tecnológica – CEMIT Baixo Sul. Atua no município de Ibirapitanga-BA e no Território do Baixo Sul da Bahia.
O PRETO QUE IN-CÔMODA
O preto ele incomoda.
Incomoda mesmo que não esteja na moda. Alguns mais outros menos.
O que incomoda menos é o preto de alma branca.
Os de alma preta incomoda.
Quando está bailando com a bola, incomoda quando dança , quando requebra , quando balança sua Cr
Criança ancestral guardada no peito.
Mas quem mais incomoda é o “negro “ . Esse não dá pra suportar. Esse incomoda muito . Mas muito mesmo. Ele dança pra comemorar um gol com suas danças tribais ancestral, não leva desaforo e nem engole um choro, ele grita!
Quando abre a boca mostrando todos os seus dentes brancos escancarado esse negro abusado ainda dá risada.
Esse tipo de negro não dá pra ficar junto não. Junto com a gente? Pois dá vontade de quebrar os dentes . Ele sorri escancarado debochado, esse não dá pra suportar.
Temos que matar, acabar, exterminar. Precisamos ficar com aqueles pretinhos bonzinhos sabe? Os que não se incomodam, os que não nos incomodam. Ficam com a boca calada nem que seja com o joelho no pescoço.
Mestre Cobra Mansa. Para VINI Jr . Miami 23 de maio 2023