Valença-BA completa 174 anos de emancipação política: terra que faz história há mais de 400 anos
Por: Paulo Vitor Souza da Luz e Pedro Paulo Araújo de Jesus.
No dia 10 de novembro deste ano, a cidade de Valença-Bahia, celebra 174 anos de sua fundação, marco estabelecido a partir de sua emancipação política em 1849. No entanto, ao aprofundarmos nossa compreensão da história local, é pertinente considerar que Valença também comemora neste ano 224 anos, levando em conta o processo inicial de sua emancipação política em 23 de janeiro de 1799. Nessa ocasião, o povoado do Amparo, assim chamado devido à concentração habitacional em torno da Igreja de Nossa Senhora do Amparo, foi elevado à categoria de vila, recebendo o nome de Vila de Nova Valença do Santíssimo Coração de Jesus. Essa elevação refletia a importância crescente da região, já que, durante o período colonial brasileiro, a fundação de um município era tradicionalmente celebrada a partir da criação de uma vila. Somente após a Proclamação da República é que o termo “cidade” adquiriu uma conotação mais significativa.
Dessa forma, assim como ocorre em outras cidades, o aniversário de Valença é reconhecido a partir da data de 10 de novembro de 1849, quando obteve o título de cidade. Independentemente das diferentes datas de comemoração, é importante ressaltar que a região que hoje conhecemos como Valença tem uma história que remonta a mais de 400 anos. Ao longo desse período, Valença tem se destacado em termos culturais, políticos e econômicos.
A riqueza cultural de Valença é evidente em suas diversas festividades ao longo do ano. Destaca-se, especialmente, a Festa de Nossa Senhora do Amparo, atualmente reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Município. Além disso, a cidade já teve um papel importante nas guerras de independência da Bahia contra os portugueses e durante a Segunda Guerra Mundial, quando prestou assistência aos feridos do afundamento ocorrido em suas águas costeiras. Valença também possui um potencial econômico considerável, com ênfase na pesca e na agricultura de subsistência. Em um dado momento, a cidade foi conhecida como a “Capital do Camarão”, devido ao sucesso dessa atividade econômica na região.
O ápice da movimentação em Valença ocorre durante o verão. Como destino turístico, a cidade recebe uma intensa afluência de visitantes de outubro até o final da estação. A Festa do Amparo abre o calendário das festividades da alta estação da cidade. Do último domingo do mês de outubro até o dia 08 de novembro, dia da padroeira da cidade, Nossa Senhora do Amparo, Valença está em festa com uma programação que conta com lavagem da igreja, levadas de trios pelas ruas, novenas e procissão, a qual é destaque do festejo.
Valença também é carinhosamente chamada de “a Veneza baiana”, por conta de a cidade ser atravessada pelo Rio Una. Rio este que é um lugar de memória, sobretudo dos que tiveram o privilégio de ver a ponte abrindo para as embarcações da Companhia Valença Industrial (CVI), subir para a fábrica.
A cidade de Valença guarda diversos tesouros em suas ruas e praças, sendo séculos de história e tradições. Seus patrimônios materiais e imateriais são testemunhas vivas de um passado rico e diversificado, que necessita de atenção para que as gerações futuras também possam conhecer. Os poucos casarões, igrejas centenárias e praças históricas de Valença contam a história da formação do Brasil desde o período imperial. No entanto, o maior desafio é a preservação, muitos desses monumentos enfrentam o desgaste natural do tempo e a falta de recursos para manutenção.
Preservar os patrimônios materiais e imateriais de Valença é mais do que uma obrigação, é um investimento para o futuro da cidade, inclusive turístico, e ainda na formação da identidade de sua população. Cada cidadão tem um papel a desempenhar nessa jornada, principalmente através da conscientização.
Ao proteger nossos patrimônios, estamos garantindo que possivelmente as futuras gerações possam aprender com o passado e celebrar a riqueza histórica e cultural de Valença. Então hoje, aniversário da cidade, tentemos preservar os nossos patrimônios: A Igreja Matriz do Sagrado Coração de Valença, os resistentes casarões da Praça da República, o prédio da Cadeia Pública e os tantos outros que necessitam de atenção. Só assim, de forma coletiva, poderemos continuar a história de nossa cidade.
Neste dia 10 de novembro, parabéns Valença!
“Eu me orgulho de ti, minha terra, sou teu filho, hei de sempre te amar!”
SOBRE OS AUTORES:
Paulo Vitor Souza da Luz
Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em História do Atlântico e Diáspora Africana, da Universidade Estadual de Santa Cruz (PPGH-UESC). Graduado em Licenciatura em História pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Departamento de Ciências Humanas – Campus V. Possui experiência na área da História Cultural e Social. Pesquisa festas populares na Bahia, com ênfase em religiosidades e Música Popular Brasileira na Ditadura Civil-Militar, com ênfase no trabalho da intérprete Maria Bethânia. É curador do projeto “Memorial Amparo”, que reúne um acervo digital em torno da devoção a Nossa Senhora do Amparo na cidade de Valença- BA. Tem experiência como fomentador cultural no município de Valença-BA, com desenvolvimento de projetos e eventos para Valença e região do Baixo Sul da Bahia. Recebeu uma Moção de Aplausos pela Câmara Legislativa de Valença-BA por sua participação em uma obra literária em homenagem aos 50 anos de carreira e 70 anos da cantora Maria Bethânia.
Pedro Paulo Araújo de Jesus
Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em História do Atlântico e Diáspora Africana, da Universidade Estadual de Santa Cruz (PPGH-UESC). Graduado em Licenciatura em História pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Departamento de Ciências Humanas – Campus V. Possui experiência na área de História Social e Cultural, tendo pesquisado sobre o cotidiano de Valença-BA durante a Segunda Guerra Mundial. É um dos idealizadores do perfil nas redes sociais “Arquivo Histórico de Valença” no qual disponibiliza fotografias e textos antigos sobre a cidade de Valença.
Foto: Richard Mas