Vacinas atrasam e ritmo de imunização cai em maio
Se mantiver o desempenho na aplicabilidade das doses, o Brasil só alcançará toda a população no final do ano que vem, apontam projeções.
Neste mês de maio, após 150 dias de vacinação no Brasil, a chegada de insumos para produção e as entregas das remessas de doses tem registrado atrasos, o que acarretou na queda no desempenho da imunização em todo o país.
O Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, deu uma declaração à imprensa sobre a capacidade de vacinação do Sus: “Nas mais de 38 mil salas de vacinação, nós temos o potencial de vacinar mais de 2,4 milhões de brasileiros por dia”. Mas, a realidade tem sido diferente porque o problema é a falta de doses suficientes para que esse aproveitamento da estrutura existente no sistema de saúde brasileiro efetivamente aconteça.
Segundo dados do Monaitetio da Saúde, desde 17 de janeiro de 2021 até agora, o Brasil só superou três vezes a marca de 1 milhão de vacinados em 24h.
Em entrevista ao Portal UOL, o presidente do Conass (Conselho Nacional dos Secretários de Saúde), Carlos Lula, que é Secretário Estadual de Saúde do Maranhão, disse que a situação tende a piorar devido a chegada de menos insumos, o que deve desacelerar ainda mais a campanha de vacinação no Brasil nos meses de maio e junho. “A gente vai ter uma diminuição nesses números para patamares ainda menores. Vamos ter entrega do ministério nesta semana e não sabemos quando vai ter a próxima. E era para a gente estar acelerando o processo”, lamentou.
Na gestão de Queiroga, o Ministério não tem um cronograma com a discriminação das quantidades e prazos de envio de lotes de vacinas aos Estados. Assim que assumiu, o novo Ministro da Saúde apresentou números gerais de vacinas a serem adquiridas e distribuídas para os próximos dois trimestres, sem o detalhamento mensal.
Com o aumento de casos ativos de Covid-19, retorno das lotações nas UTIs e a iminência de uma “terceira onda”, especialistas tem previsto um “apagão de vacinas”. Em relação a segunda dose, já existe uma crise por causa da escassez de imunizantes que tem feito os públicos-alvo demorarem de completar o esquema vacinal, passando da data de retorno prevista no cartão de vacinação.
Segundo um cálculo feito pelo UOL, o ritmo de imunização caiu 17% no Brasil e a projeção é que metade do país ficará sem estoque de Coronavac por falta de matéria-prima. Além da diminuição na fabricação do Instituto Butantan (que produz a Coronavac), a Fiocruz (que produz a Astrezeneza) também alertou que está operando muito abaixo de sua capacidade de produzir as doses.
O ideal é destravar o todo: acelerar a ButanVac [vacina desenvolvida pelo Butantan], resolver as pendências da [vacina russa] Sputnik, resolver e evitar rusgas com a China, e tentar aumentar a oferta da Pfizer e da Janssen. Se não ficou claro, tem que ficar. Sem vacina, a crise não passa.
Evaldo Stanislau, infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
A CNN também analisou que o número de doses aplicadas vem caindo a cada semana. A diferença é de quase 15O mil vacinas semanalmente, o que corresponde uma diminuição de 18,3%.
Em matéria publicada hoje, o veículo de comunicação informou que até o momento foram mais de 60 milhões de doses da vacina aplicadas em todo o país, sendo cerca de 40 milhões como primeira dose e 20 milhões como segunda dose. Aproximadamente 19% da população brasileira já foi imunizada contra o novo coronavírus.
Ainda de acordo com o levantamento da CNN, se o país mantiver esse ritmo de vacinação, toda população brasileira só será imunizada contra a doença daqui a 1 ano e 5 meses.
A expectativa dos cientistas é que os efeitos da imunização em massa só sejam sentidos após a maioria da população estiver vacinada com as duas doses. Ou seja, somente com a vacinação de mais brasileiros, além dos grupos prioritários, o controle da pandemia poderá se confirmar.
O consórcio de veículos de imprensa apresentou ontem gráficos da vacinação contra a Covid no Brasil: