15 de outubro de 2024

30 de janeiro de 2024

Uma Educação que substitui livros por telas

Livros, livros, melhor não tê-los, mas, se não os lemos, como sabê-los?

 

Por Rosângela Góes

 

A informatização da Educação é um dos avanços para a complementação do trabalho escolar, porém, não se constitui num bem em si mesmo.

A digitalização dos materiais didáticos, em si, não melhora e até piora o desempenho dos alunos.

Na relação com o mundo significativo, a mediação docente e presencial em sala de aula é tão essencial, que, sem ela, o acesso aos conteúdos digitais se dá de forma padronizada, descontextualizada e pouco significativa, o que prejudica o desempenho, como bem ficou demonstrado na pandemia.

A chave para o bom desempenho dos alunos tem a ver diretamente com bons professores, com muita leitura e escrita, muitas trocas analógicas e sensíveis entre saberes e o sentido deles.

Evidências científicas indicam que o papel ainda é o meio mais eficiente para ensinar a habilidade de leitura aprofundada e crítica – particularmente em países com tantas desigualdades como o Brasil.

É lamentável que, nessa discussão sobre substituir livros por materiais digitalizados no padrão plataforma virtual, sejam ofuscadas questões muito mais importantes – como a qualidade dos livros e a recomposição da leitura e escrita nas escolas por bons projetos de leitura interpretativa crítica e inspiradora. Especialmente no pós-pandemia, a falsa modernização do sistema de ensino pela “plataformização” da aprendizagem escolar e a eliminaçãos dos bons e insuperaveis livros físicos consiste num atraso considerável em relação ao que é evidentemente essencial e transformador da escola.

Vários países com os melhores índices de aprendizagem já voltaram atrás nessa decisão de padronização virtual dos materiais didáticos e resgataram os livros físicos como mais eficientes para o desenvolvimento da inteligência e das habilidades superiores humanas. Na Suécia, um dos paises mais ricos do mundo, resultados em provas de leitura e conselhos de órgãos de saúde fizeram novo governo mudar a experiência de material digital para livros físicos.

A ministra Edholm escreveu, em um artigo no jornal “Expressen”:

“Recursos didáticos digitais, se usados ​​corretamente, apresentam certas vantagens, como combinar imagem, texto e som. Mas o livro físico traz benefícios que nenhuma tela pode substituir”, afirmou a ministra.

Eu que o diga! Como aluna e professora, com a leitura de livros, aprendi a pensar, a interagir melhor com o outro, a entender os fenômenos do conhecimento interligado, a refletir sobre os meus próprios dramas e suas relações com os das outras pessoas. Isso me deu o passaporte para me inserir nas transformações do mundo com protagonismo e paixão. Por isso, sei que negar à criança e ao jovem o direito a ter um livro nas mãos, a folheá-lo e sentir sua voz e cheiro, a ser provocado por seus jogos de palavras, ideias e imagens é um crime sem reparação! Por mais leitura inteligente nas escolas, por menos telas viciantes e dispersivas!

Sobre a autora: 

Rosângela Góes de Queiroz Figueiredo é professora da Rede Estadual de Ensino da Bahia, graduada em Letras e especialista em Avaliação, escritora, membro da Academia de Letras do Recôncavo-ALER, e da Academia de Educação, Letras e Artes de Valença-AVELA. 

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