Dia 5 de junho é o dia do seu outro aniversário: o do retorno para casa. Talvez nos pareça ainda difícil a sensação de falta, Ricardo, pois sua presença neste mundo não era pouca coisa não, era dessas que passam irradiando claridade, sol na voz e olhar estrelado. Sua vida conosco nos trouxe uma realização complexíssima, sutil e extremamente interativa de energia, da qual jamais nos separaremos.
Como seres conscientes e espirituais, somos você nessa energia de fundo que se manifesta sob tantas formas, dentre elas a memória da bondade e da sobriedade que o define. Sua inteligência emocional nos compete porque, com você, aprendemos a ver a nossa, a sentir responsabilidade pelo que nos cabe ser e cumprir de bom e belo neste mundo.
Falo daqui no presente porque, deste lado, precisamos da energia do agora para definir a energia que nos transcende e nos toca nas dimensões distintas em que nos encontramos. Não há como escapar da saudade ainda. Você faz muita falta!
Essa energia de que somos feitos aí e cá talvez constitua a melhor metáfora do que significa Deus, cujos nomes variam, mas que nos encontra na mesma sintonia, de forma que, sem você é com você, numa corrente eterna que nunca se desfaz.
Dez anos depois, a singularidade do nosso ser humano nos permite poder entrar em contato consciente com sua energia, invocá-la, acolhê-la e percebê-la na forma de vida, irradiação e entusiasmo que você nos transmite.
No céu deste dia e em qualquer dia, os olhos que piscam na imensa noite do mundo – vigilantes, doadores, compassivos, companheiros – nós sabemos, são os seus.
Sobre a autora:
Rosângela Góes de Queiroz Figueiredo é professora da Rede Estadual de Ensino da Bahia, graduada em Letras e especialista em Avaliação, escritora, membro da Academia de Letras do Recôncavo-ALER, e da Academia de Educação, Letras e Artes de Valença-AVELA.