TERRA, PLANETA DE SERES INTELIGENTES, PODE ACABAR E LOGO
Situações extremas do clima se sucedem a cada ano piores.
Por: Rosângela Góes
O feed de notícias rola notícias todas as semanas sobre a emergência climática e seus dados têm deixado claro que estamos a poucos anos do ponto de inflexão no aquecimento global. Mas, por incrível que pareça, a maioria das pessoas do Planeta Terra, aquele onde se diz habitar vida inteligente, segue ignorando os fatos com uma letargia mundial impressionante, mesmo após a amostra grátis da pandemia e das incertezas que ela trouxe para a vida humana em escala global.
Enquanto as pessoas esperam a volta à normalidade, catástrofes em série e sem precedentes se apresentam. Não só a pandemia não acabou, com novos infectados e variantes mais agressivas, como também paira a ameaça de que novas pandemias nos aguardam. Muita gente ainda não vê relação do coronavirus e o advento de outros vírus ameaçadores com a emergência climática, mas eles provêm de áreas selvagens onde “dormem” em hospedeiros naturais para os quais são inofensivos, ou estão inertes. O desflorestamento por desmate, queimadas, mineração e agrotóxicos tem reduzido o habitat desses organismos e os feito escapar para as áreas habitadas. De modo que a preservação das florestas, por si só, reduziria sobremaneira a ameaça de novos ataques virais por desequilíbrio ecológico, dedução inteligente que não vem sendo feita pelos tais seres inteligentes.
Paralelamente, o mundo vem enfrentando fenômenos climáticos extremos. No final de junho, no noroeste dos Estados Unidos e sudeste do Canadá, as temperaturas atingiram limites de 50 graus. A emergência climática está aí e não no futuro. Vem com sucessão de eventos catastróficos, como o degelo rápido dos polos e da Groelândia, como resultado de uma perturbação que atinge vários parâmetros, em nível mundial e tem a ver claramente com as intervenções humanas nos ciclos naturais. As consequências catastróficas dessa elevação de temperatura matou 1 bilhão de mariscos no Canadá. Outra amostra disso foi sentida com as inundações catastróficas da Alemanha e Bélgica e não é fácil saber o que nos aguarda. Daqui pra frente, teremos que nos acostumar a viver com muitas crises que se desenvolvem simultaneamente ao nosso redor.
Então, resta-nos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance, começando por encarar que somos parte da Natureza, não o seu centro e, portanto, temos que mudar a nossa forma de vida, limitar o nosso individualismo e desenvolver novas formas de solidariedade com os outros seres vivos.
Se queremos garantir minimamente as condições de nossa existência, será inevitável enfrentar desafios que vão além de atender as áreas atingidas, mas em atacar suas causas em nível mundial. Como disse Walter Benjamin, temos que puxar o freio de emergência para deter o trem da história. A mesma história que registra a aventura de seres inteligentes num planeta azul da via láctea e que, agora, se revela uma falácia: não pode haver vida inteligente onde a própria vida está ameaçada por esses seres.
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Sobre a autora: Rosângela Góes de Queiroz Figueiredo é professora da Rede Estadual de Ensino da Bahia, graduada em Letras e especialista em Avaliação, escritora, membro da Academia de Letras do Recôncavo-ALER, e da Academia de Educação, Letras e Artes de Valença-AVELA.
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Nesta coluna “Não é Bem Assim”, o leitor do Baixo Sul em Pauta encontra confrontos de ideias, debates, discussões, polêmicas e reflexões sobre temas importantes que estão em pauta. São vários pontos de vista para você formar a sua opinião. Personalidades de nossa região tem espaço para publicar artigos de sua autoria, com argumentos e posicionamentos que podem ajudar a compreender melhor alguns assuntos.
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