Foto 1: Fachada da antiga cadeia de Valença
Foto 2: Escoramento de prédio / Salvador-BA
Foto 3: Escoramento de prédio / Salvador-BA
Como um paciente terminal, o prédio da cadeia agoniza, esperando a regulação! O poder público, que é o responsável, já decretou sua morte por inanição! Deixa-o sangrar, expondo suas vísceras! Apenas isolou-o de forma precária e põe medo! “Não se aproximem! Ele pode matá-los!”
Alega não ter dinheiro para o tratamento e ainda critica os que querem salvá-lo! Indo de encontro a todo o senso de humanidade nossa, que quando temos um ente em estado terminal, movemos todas as forças pra salvá-lo, fazemos campanha, apelos…
A atitude do poder público, assustadoramente, mais parece a de um filho mal que coloca a mãe no asilo e espera que ela morra logo para que, livre da velharia possa desfrutar do patrimônio! Do terreno bem localizado e de quanto ele pode render! Alega, inclusive, que irá utilizar os recursos pra salvar outros filhos que encontram-se também doentes, à exemplo da Igreja Matriz e da antiga Câmara…
Guardadas as proporções, é como se alguém resolvesse matar a mãe, que apesar de velha, ainda resiste, pra com seus órgãos, tentar salvar os filhos… que tipo de ser humano faz isso?
Há 6 anos que, insistentemente, um grupo local, com grande apoio da população, tem movido vários esforços no sentido de revitalizá-lo! Já encaminhou petições ao Ministério Público e aguarda o cumprimento das Leis Municipais!
Entre elas, a Lei 1.910/ 07, que estabelece em seu Artigo 33 – “Os bens tombados, provisoriamente ou definitivamente, deverão ser conservados e, em nenhuma hipótese, poderão ser demolidos, destruídos ou mutilados, devendo aos naturais ser assegurada a normal evolução dos ecossistemas”.
Assim que Jairo assumiu, uma reunião foi provocada pelo Conselho, quando solicitou-s a urgente tomada de providências sobre o prédio, promovendo ao menos, sua limpeza e obras de contenção. A única coisa que o prefeito fez até hoje foi interditá-lo com uma placa e um tapume de 1 metro, como se, caso ele venha a ruir, cairá naquele metro isolado! A interdição, estreitou ainda mais a rua onde o prédio está, provocando, inclusive, acidentes.
Nas fotos 2 e 3 pode ser visto um escoramento com vigas de ferro, no bairro da Saúde, em Salvador, que poderia ser feito aqui e não é caro…
Assim, o prédio já não apresentaria tanto risco! Mas Jairo, infelizmente, à revelia do clamor da população, insiste em aprovar na Câmara o destombamento!
Saudade do Jairo vereador! Proativo, buscaria soluções que agradassem à população! Não fui seu eleitor! Mas, como valenciano, orgulharia-me vê-lo passar à história como o gestor que deu um passo importante para Valença recuperar e preservar sua história e não repetirmos as palavras p(r)o(f)éticas de Gregório de Matos, no século XVII:
A Câmara não acode?……Não pode.
Pois não tem todo o poder? Não quer.
É que o governo a convence? Não vence.
Que haverá que tal pense,
que uma Câmara tão nobre
por ver-se mísera, e pobre.
Não pode, não quer, não vence.
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Sobre o Autor:
Adriano Pereira de Queiroz – nascido e criado em Valença, atualmente é vice presidente do Conselho de Cultura da Bahia e membro da Câmara de Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Natural.