Casa da Mulher Cairuense homenageia Cecília Pancho Crispim
Em Cairu, na inauguração da Casa da Mulher Cairuense, a homenagem à Cissa Crispim deixou amigos, colegas, familiares e admiradores com o coração cheio de sentimentos. Um misto de emoções: saudade, nó na garganta, misturado ao engajamento necessário pelo combate à violência contra a mulher, uma causa que se fortaleceu no município logo após a morte dela.
Cecília Pancho Crispim era professora das redes municipal e estadual de ensino em Cairu, onde era querida e respeitada pelo seu profissionalismo, reconhecida até hoje pelo seu empenho e contribuição com os avanços na Educação.
Aos mais chegados, Cissa era uma presença marcante e iluminada. Sua simpatia e carisma contagiavam qualquer pessoa. Além disso, ela tinha um espírito solidário, ajudava a liderar campanhas na igreja, participava ativamente de ações sociais e era exemplo de empatia e altruísmo.
Sua vida foi interrompida em 21 de dezembro de 2017 quando foi vítima de feminicídio cometido pelo seu ex companheiro, que não aceitava o fim do relacionamento, um crime que chocou a população. A situação se repete na vida de milhares de mulheres da região do Baixo Sul, aonde o machismo e a masculinidade tóxica resultam em percentuais alarmantes de assédio, agressão e mortes por violência doméstica, de gênero e familiar. Os números são trágicos e muitas famílias sofrem as consequências.
No evento Caminhada Lilás “Cairu por Elas”, ocorrido na última sexta-feira (15), que culminou na abertura da Casa da Mulher, familiares de Cissa estiveram presentes: as primas Cláudia Ferreira e Sabrine Clara e a tia Maria Helena Pancho.
No município-arquipélago, um número chama a atenção: cerca de 72% dos inquéritos de violência doméstica chegaram a ser instaurados no período de 1 ano. Soma-se a essa triste estatística os casos em que as mulheres não chegaram, ainda, a denunciar e registrar o Boletim de Ocorrência na Delegacia por inúmeros fatores: medo, ameaça, dependência financeira, ou falta de conhecimento sobre qual caminho deve seguir para se salvar.
Com o apoio da rede de proteção do Baixo Sul, composta por várias lideranças femininas e órgãos públicos que atuam nessa luta, o novo equipamento de Cairu poderá mudar essa realidade: acolher, orientar, prestar assistência jurídica e psicológica, ou seja, encaminhar as providências necessárias com o objetivo de tirar a mulher do cliclo de violência, salvar sua vida e ajudá-la a seguir em frente.