19 de abril de 2024

30 de janeiro de 2024

BRASIL, MOSTRA TUA CARA!

Por Rosângela Góes

 

Safra agrícola recorde de 256,1 milhões de toneladas em 2021 revela que a Colônia brasileira segue impávida e indiferente à fome de 61, 1 milhões de brasileiros.

Nestes dias, a manchete do título estampa todos os jornais porque esse dado do IBGE faz subir as bolsas e o dólar. Mas a outra estimativa, também do IBGE – a de que a fome e a pobreza extrema já atingem 61,1 milhões de brasileiros, ou um quarto da população – não figura nos grandes meios de comunicação.

Triste! Mas muito mais triste que esse também recorde de crescimento da fome no Brasil é perceber não apenas o silêncio sobre ele, mas o pouco que se discute sobre suas razões.

Sim, porque essa chaga de séculos da insegurança alimentar esteve em vias de ser superada na década passada e volta a assombrar diariamente o país para milhões de pessoas que não têm o que comer.

“Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto por que eles são pobres, me chamam de comunista”. As palavras de Dom Hélder Câmara, saudoso arcebispo de Recife, nunca estiveram tão provocativas e atuais para se entender qual é o projeto de país que está implementado em toda a sua crueza e injustiça.

O sociólogo Herbert de Souza já clamava, em sua luta “comunista”, que quem tem fome tem pressa. Por isso, nem é preciso dizer que políticas de segurança alimentar e nutricional devam ser PRIORIDADE na agenda de qualquer governo. E nem de como no atual não o é ou nem sequer são acionadas medidas de emergência diante desse caos social que produz indignidade e custa vidas.

Há 4 anos, as autoridades instaladas pelo golpe de 2016 creditavam ao desemprego o problema da fome, que já rondava pelo menos 10, 3 milhões de pessoas. E propuseram como solução a reforma trabalhista e a limitação, dos investimentos sociais do governo por 20 anos – o famigerado Teto de Gastos, com a contrapartida da geração de mais postos de trabalho e atração de novos investimentos para aquecer a economia. Você, que me lê, eu e todo mundo sabemos que nada disso aconteceu.

O que deu nesse projeto “patriota” foi a eleição de Jair Bolsonaro, que não apenas ignorou o aumento da fome, como também desarticulou programas sociais e estruturas governamentais que poderiam reverter o dramático quadro atual.

Como aconteceu nos governos de Lula e Dilma, a existência e sustentação dessas políticas e programas mantêm uma estrutura consistente de segurança alimentar e nutricional, a ponto de tornar o país mais resistente às crises econômicas e aos fatores que as desencadeiam como as crises sanitárias – vide a do coronavírus, além das crises políticas, ou ainda as causadas por fatores climáticos.

Com programas de aquisição de alimentos e de fomento à agricultura familiar, de controle dos estoques e de preços, se garante que agricultores mantenham a produção e evitem a elevação descontrolada da inflação dos alimentos a que estamos submetidos. Mas estamos diante de um governo indiferente e inepto para equacionar o enorme problema, embora sempre disposto a aplaudir os lucros do agronegócio e dos bancos, aos quais fomenta com o chamado capital especulativo, que vive do arrocho governamental nos investimentos em educação, saúde, seguranca e previdência social para remunerar os altos juros da dívida pública interna.

Queremos ver quem paga pra gente ficar assim? Eis aí, Cazuza! O BRAZIL mostra a sua cara “patriota” tratando a fome e a gigantesca desigualdade social com o reducionismo da pandemia e dando como resposta a indiferença do deus mercado que sustenta esse “negócio” e seu sócio.

Ah, Brasil, sua cara somos nós, os que veem e não silenciam, os que amplificam o “grito dos excluídos” para além do Sete de Setembro. Confie em nós! Confie nos brasileiros nas ruas no dia 2!

#2deoutubro

FORA, BOLSONARO!

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Sobre a autora: 

Rosângela Góes de Queiroz Figueiredo é professora da Rede Estadual de Ensino da Bahia, graduada em Letras e especialista em Avaliação, escritora, membro da Academia de Letras do Recôncavo-ALER, e da Academia de Educação, Letras e Artes de Valença-AVELA.

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Nesta coluna “Não é Bem Assim”, o leitor do Baixo Sul em Pauta encontra confrontos de ideias, debates, discussões, polêmicas e reflexões sobre temas importantes que estão em pauta. São vários pontos de vista para você formar a sua opinião. Personalidades de nossa região tem espaço para publicar artigos de sua autoria, com argumentos e posicionamentos que podem ajudar a compreender melhor alguns assuntos.

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