22 de março de 2025

30 de janeiro de 2024

Número alto de doses de vacinas sem uso no Brasil

Todos os Governadores receberam ofício do Ministério Público Federal pedindo esclarecimentos sobre as razões da discrepância entre o quantitativo das doses enviadas aos Estados e a sua efetiva aplicação, gerando uma diferença de 16 milhões. Nossa reportagem investigou a situação a pedido de um leitor e mostra o ranking no Baixo Sul.

Um leitor nos enviou uma imagem que mostra que o número de vacinas distribuídas pelo Ministério da Saúde é maior do que o de doses aplicadas e pediu que a nossa página escrevesse sobre isso. Na opinião do seguidor do Site, estaria havendo um boicote dos governadores no acesso da população às vacinas para prejudicar o Presidente da República. Na interpretação dele, estão segurando a vacina por motivação meramente política e que isso causa mais mortes por Covid-19 para que mais recursos sejam liberados pelo Governo Federal.

O card que recebemos é da Deputada Carla Zambelli (PSL) e fomos pesquisar.

Link da postagem da Deputada Federal Carla Zambelli (PSL):

 https://www.facebook.com/198620036895177/posts/4061330393957436/

A postagem é baseada num pedido do Ministério Público Federal (MPF), que também postou a notícia em sua página no Facebook.

Segue o link da postagem do Ministério Público Federal:

https://www.facebook.com/178478368966242/posts/1916274938519901/

“O Gabinete Integrado de Acompanhamento da Epidemia de Covid-19 (Giac), do MPF, enviou nessa quinta-feira (15) ofício a todos os governadores pedindo esclarecimentos sobre a discrepância entre o número de doses de vacina contra covid-19 enviadas a cada unidade da Federação e o total de doses efetivamente aplicadas. O documento é assinado pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, e pela subprocuradora-geral da República Célia Regina Souza Delgado, coordenadora finalística do Giac”.

Mais detalhes:

http://www.mpf.mp.br/pgr/noticias-pgr/giac-pede-esclarecimentos-a-governadores-sobre-discrepancia-entre-numero-de-doses-de-vacina-enviadas-e-efetivamente-aplicadas-em-cada-estado-1?fbclid=IwAR0JweAP-eDpB8S-qwQUW6ID2mYlvPhAzn-VmhJSEj-B-LKKusvbySjjYcc

Em relação ao Estado da Bahia, 3.083.367 doses foram entregues pelo Ministério da Saúde e aplicadas apenas 2.703.142 doses. O ofício foi enviado em 15 de abril e a resposta deve ser enviada à Procuradoria Geral da República no prazo de 10 dias.

Link do ofício enviado pelo MPF ao Governador Rui Costa:

http://www.mpf.mp.br/pgr/documentos/102BAPGR00129987.2021.pdf

Em relação à primeira dose, não podemos avaliar porque houve entrega de remessa de vacinas na Bahia ontem, mas os números do sistema de vacinação do Ministério da Saúde, o DataSUS, mostram que, no nosso Estado, a taxa é de pouco mais de 15%. No mapeamento vacinal da SESAB, percebe-se que o número dos efetivamente vacinados no Baixo Sul, ou seja, o percentual de segundas doses usadas, por exemplo, ainda tem percentual baixo, repetindo o que acontece em todo o país.

Veja o ranking da aplicação da segunda dose das vacinas no BS:

Wenceslau Guimarães: 92,1%

Piraí do Norte: 77,1%

Cairu: 65,9%

Teolândia: 62%

Valença: 60,6%

Taperoá: 58,9%

Gandu: 57,6%

Aratuípe: 55,1%

Camamu: 53,8%

Ituberá: 53,7%

Presidente Tancredo Neves: 39,8%

Igrapiúna: 35,7%

Nilo Peçanha: 32,9%

Jaguaripe: 28,5%

Além da taxa de abandono da segunda dose, que é quando as pessoas que receberam a primeira dose não retornam ou demoram para voltar para a aplicação do reforço, os imunizantes precisam de um tempo para ativar a produção de anticorpos e concluir o processo. Dos dois fabricantes disponíveis no Brasil, Coronavac/Sinovac, do Instituto Butantan e CoviShield/AstraZeneca, da Universidade de Oxford e Fundação Oswaldo Cruz, ambos com duas doses, um tem um espaço entre as doses de 14 a 28 dias, enquanto o outro de 3 meses, fazendo com que as doses reservadas para quem já tomou a primeira permaneçam em estoque, paradas, para aplicação do complemento. Esse pode ser um dos motivos que fazem com que o número de doses distribuídas esteja acima do de aplicadas, uma vez que as vacinas da Astrazeneca começaram a ser distribuídas em 24 de janeiro deste ano.

Para equilibrar os números, o percentual de vacinados que iniciaram o esquema vacinal só crescerá quando as Prefeituras e Governos Estaduais e até mesmo o Ministério da Saúde iniciarem campanhas de conscientização para que os que tomaram a primeira dose compareçam às unidades de saúde para completar a proteção.

Imagem: Acompanhamento da Cobertura Vacinal da Bahia

https://bi.saude.ba.gov.br/vacinacao/

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