18 de abril de 2024

30 de janeiro de 2024

Peritos fazem reconstituição dos passos do soldado Wesley no Farol da Barra

O objetivo é apurar os procedimentos adotados pela corporação na contenção do PM.

Com o inquérito policial instaurado pra investigar a morte do Policial Militar Wesley Góes, peritos criminais contratados pela família estão, na tarde desta terça (13) fazendo a reconstituição dos passos do soldado no Farol da Barra. Os técnicos são especialistas em balística forense e utilizam um drone para mapear a área e refazer toda a trajetória de todos os envolvidos no episódio ocorrido no domingo (28 de março).

O objetivo é apurar os procedimentos adotados pela corporação na contenção do PM.

Os familiares e colegas que conviveram com o PM relatam que ele nunca teve episódios de transtorno psicológico nem demonstrou nenhum comportamento que justificasse um “surto”, como classificaram. Na conduta policial, não houve indícios de que a saúde mental dele tivesse afetada.

Morto pelo Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) no final de março, Wesley estava há 13 anos na PM e era lotado na 76ª CIPM (Companhia Independente da Polícia Militar) em Itacaré, no Sul da Bahia. Ele saiu da cidade e viajou 250 quilômetros até Salvador, em seguida, estacionou seu carro no gramado de um dos pontos turísticos da capital baiana e, armado, com o rosto pintado de verde e amarelo, começou a fazer um protesto solitário gritando palavras de ordem e atirando pra cima. O local logo foi isolado pelo BOPE que começou a tentar um diálogo com Wesley.

Após quase quatro horas de negociação da equipe de gerenciamento de crise, aproximadamente às 18h35, o soldado verbalizou que havia chegado o momento, começou uma contagem regressiva e fez os disparos com um fuzil na direção dos outros policiais e foi alvejado com 10 tiros pelos próprios colegas de farda, sendo levado pelo SAMU, mas vindo a óbito no Hospital Geral do Estado. As cenas foram registradas por câmeras de celulares de moradores da vizinhança e o caso repercutiu em todo o país pelo desfecho trágico com duras críticas sobre a atuação da guarnição responsável, já que a opinião de alguns profissionais da área de segurança apontam que os agentes poderiam ter optado pelo uso de mecanismos não letais com o objetivo de preservar a vida do soldado.

Para policiais ligados a Aspra (Associação dos Praças), a ação foi truculenta, precipitada e mostra o despreparo da tropa que conduziu a operação, que não tinha reféns. Já para o Comando da Polícia Militar da Bahia, a equipe teve que reagir imediatamente ao tiro proferido pelo soldado.  O comandante-geral, Coronel Paulo Coutinho disse que os policiais só efetuaram os disparos quando tiveram suas vidas postas em risco pela ação do soldado.

O comandante do Bope, Major Clédson Conceição declarou: “Buscamos, utilizando técnicas internacionais de negociação, impedir um confronto, mas o militar atacou as nossas equipes. Além de colocar em risco os militares, estávamos em uma área residencial, expondo também os moradores”.

A investigação seguirá seu curso após a reconstituição de hoje e os desdobramentos serão noticiados pela nossa equipe de reportagem.

 

 

Deixe uma resposta