Mourão diz que Pazuello pode sofrer punição por ida a ato político
Regulamento do Exército proíbe militares de participar de manifestações políticas. Para o vice-presidente da República, que é militar, o ex-ministro da Saúde deve ser penalizado e, no mínimo, deixar a ativa, pela presença em palanque ao lado de Bolsonaro neste domingo.
Na manhã desta segunda-feira, 24 de maio, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, declarou, na chegada ao Palácio do Planalto, que o ex-Ministro da Saúde, General Eduardo Pazuello, sabe que errou ao participar de um ato político ao lado do Presidente Jair Bolsonaro neste domingo no Rio de Janeiro, após um passeio de moto com apoiadores. O ex-Ministro subiu num trio elétrico e, por ser militar da ativa, deve sofrer punições já que a atitude é proibida pelo Exército.
A participação de um general de divisão da ativa, em manifestação de cunho político-partidário sem que ele exerça cargo no governo não justifica a sua ida, sendo vedada pelo regulamento interno das Forças Armadas. Para Mourão, o General pode ser enquadrado por cometer uma transgressão ao regramento da instituição.
Segundo Mourão, “ele (Eduardo Pazuello) entende que errou” e a punição deve levar o General da ativa à reserva.
Na avaliação do vice-presidente, “o regimento disciplinar no Exército lista uma série de transgressões e que a presença o General Pazuello nessa manifestação, de cunho político, pode ser enquadrada”, explicou.
“Eu já sei que o Pazuello já entrou em contato com o comandante informando ali, colocando a cabeça dele no cutelo, entendendo que ele cometeu um erro. É provável que seja [punido]. É uma questão interna do Exército. Ele [Pazuello] também pode pedir transferência para reserva e aí atenuar o problema. Acho que o episódio será conduzido à luz do regulamento, isso tem sido muito claro em todos os pronunciamentos dos comandantes militares e do próprio ministro da Defesa”, disse Mourão a jornalistas.
A presença de Pazuello no carro de som ao final do ato de domingo, sem máscara, causou constrangimento na cúpula do Exército e reações de políticos, mas, pra atenuar, o militar poderá pedir aposentadoria. Membros da CPI afirmaram que ele será reconvocado a depor no Senado.
O vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), considerou a atitude um “autoindício”: “O ato de hoje é um achincalhe às quase 450 mil vítimas e um desrespeito ao regulamento interno das Forças Armadas. Nossa disposição é pedir a reconvocação do senhor Eduardo Pazuello e do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga”, disse o Senador em entrevista à CNN Brasil.
Membros do Exército já pressionam a ida de Pazuello para a reserva desde quando aceitou o convite para integrar o governo Bolsonaro, assumindo o cargo de Ministro da Saúde.
Segundo fontes da Revista Época, colegas de Pazuello demonstraram descontentamento com a participação dele no ato pró-Bolsonaro, já que ele sabia que era uma infração. Segundo a revista, assim que desceu no palanque, Pazuello entrou em contato com colegas de Exército e até com superiores na instituição para reconhecer o erro, pedir desculpas e dizer que estava arrependido.
Pazuello foi questionado sobre não usar máscara, uma vez que ele disse na CPI ser a favor do distanciamento e do uso do item de proteção contra a a transmissão da Covid-19, mas disse que só retirou quando subiu ao palanque.
Segundo o Yahoo Notícias, mesmo com as pressões desde que tomou posse no Ministério, o General não está disposto a ir pra reserva porque ainda tem direito de ficar mais um ano na ativa.
Enquanto a situação não tem um desfecho, especula-se que, caso o alto comando do Exército delibere uma penalidade ao ex-ministro, o Presidente Jair Bolsonaro tem o poder de revogar, o que poderia instalar uma crise do Governo com as Forças Armadas.
Vídeo: CNN
Foto: G1